Pegue este efeito no Site Tony Gifs javas

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Abraça-me



Abraça-me
Maria Helena Matarazzo


Uma química delicada se produz entre duas pessoas
que se sentem atraídas uma pela outra.
O encontro se faz quase sempre pelo olhar.
Segue-se a participação da boca,
primeiro em sorrisos, depois em palavras.
Aí vai surgindo o desejo de tocar, de abraçar.

Pesquisadores dizem que precisamos
de seis abraços por dia para não nos sentirmos carentes.
Por que seis?
Talvez porque um é pouco, dois é bom,
três é melhor ainda, quatro então nem se fala ...

Nossos braços servem para abraçar, enlaçar.
Só que cada abraço tem que ser sentido, vivido.
Como diz o terapeuta paulistano José Ângelo Gaiarsa,
você não toca no outro como se ele fosse uma cadeira.
Senão você está coisificando o outro.
Acontece que o outro é de carne e osso,
parecido com você, por isso, o gesto não pode ser impensado,
mecânico, automatizado.

As pessoas estão cansadas
do gesto maquinal que não reflete nada.
Quando eu toco o outro, que está além das fronteiras
do meu próprio corpo, eu o sinto
e sinto a mim mesma simultaneamente.
Nesse sentido, podemos ficar horas sem fim
nos tocando e nos sentindo.
Mergulhando na sensação, percebendo o outro
e me percebendo, tenho a sensação de estar sendo abraçada.

A criança registra essa impressão na mente
e vai pelo resto da vida tentando reconstituir,
reencontrar essa sensação.
Por isso o ser humano tem fome de abraço.
Ele está tentando repetir o prazer
que está associado a essa primeira experiência.

Assim como aprendemos a falar
porque algumas pessoas falam conosco
e vamos falar da forma como elas falaram -,
também aprendemos a tocar em grande parte
dependendo da forma como fomos tocados.
O aprendizado do amor começa aí.
As sensações de mamar e amar ficam profundamente
interligadas e até inseparáveis em nossa mente.

Mais tarde, freqüentemente comer
se torna uma forma de compensar a falta de amor.
É por isso que, quando estamos carentes,
atacamos a geladeira, bebemos mais cerveja,
tomamos mais sorvete, comemos mais um chocolate.

Tanto a fome de alimento com essa fome de contato
normalmente se intensificam nos períodos de tensão.
Entretanto, enquanto a fome de alimento
podemos matar sozinhos com comida,
cigarro ou álcool, a fome de contato dificilmente
pode ser satisfeita sem outra pessoa.
O que se resolve com gestos que nos aproximam,
nos vinculam ao outro.

Pode-se alisar, abraçar, tocar de forma apressada,
impensada, dissociada.
Ou pode-se tocar sensualizando,
erotizando cada movimento.
Cada gesto traduz um sentimento,
uma emoção, que provoca uma reação.
Se o gesto é indiferente, não manifesta nada,
não tem energia nem intenção,
você congela o outro e se congela.
Se ele for macio, terno, doce,
você derrete o outro e se derrete.
Se ele for erótico, excitante, estimulante, apaixonado,
você incandesce o outro e se incandesce também.

Muitas vezes, quando se faz amor,
carinho e carícia se misturam,
se juntam, se fundem e confundem.
Brincamos com o nosso corpo porque sabemos
que fazer amor é " um alisar o outro e o outro alisar o um " .
Nessa troca de carícias, o outro responde ao meu gesto
e tende a fazer aquilo que meu gesto insinua.
O que acontece é uma conversa dos dedos sobre a pele.

O que se busca, quando se faz amor,
é essa ampliação da consciência do contato.
Na medida em que vamos aprendendo
a ampliar o contato com outra pessoa,
vamos ampliando e aprofundando nosso contato vivo
e prazeroso com tudo o que existe.

" Tato é a linguagem inicial da vida. "

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

O NOSSO AMOR VEIO PRA FICAR

O NOSSO AMOR VEIO PRA FICAR
Simplesmente EU TE AMO

Amigos Especiais